Replicação
SEMICONSERVATIVA: A partir da estrutura
tridimensional do DNA proposta por Watson e Crick em 1953, várias implicações
genéticas importantes estavam imediatamente aparentes. Especulava-se pelo menos
três modos diferentes pelos quais a molécula de DNA parental poderia estar relacionada
às moléculas filhas. Esses modos hipotéticos de replicação são chamados de semiconservativo, conservativo e dispersivo.
Na replicação
semiconservativa, a dupla hélice de cada molécula-filha de DNA contém um
filamento da molécula original de DNA e um filamento recém-sintetizado.
Entretanto, na replicação
conservativa, a molécula de DNA parental é conservada, e uma única dupla
hélice-filha é produzida, consistindo em dois filamentos recém-sintetizados.
Na replicação dispersiva, as
moléculas-filhas consistem em filamentos, cada um contendo segmentos de ambos,
o DNA parental e o recém-sintetizado. Em 1958, dois jovens cientistas,
Matthew Meselson e Franklin Stahl, descobriram qual dessas possibilidades
descreve corretamente a replicação do DNA. A ideia deles era permitir que as
moléculas de DNA parental contendo nucleotídeos de uma densidade fossem
replicadas em um meio contendo nucleotídeos de densidades diferentes. Se
o DNA fosse replicado de maneira semiconservativa, as moléculas-filhas deveriam
ser metade velhas e metade novas, e, portanto, de densidade intermediária.
Para fazer seu experimento, Meselson e Stahl cultivaram E. coli em um meio
contendo o isótopo pesado de nitrogênio (15N) o DNA das células foi bem marcado
com o isótopo pesado. As células foram, então, removidas do meio com 15N e
colocadas em um meio com 14N. Após duas divisões celulares, as amostras foram
colhidas e o DNA foi isolado de cada amostra. Meselson e Stahl foram capazes de
distinguir o DNA de densidades diferentes por um procedimento chamado
centrifugação em gradiente de cloreto de césio onde o DNA de densidades
diferentes formará bandas em locais diferentes. Após duas gerações, ambos os
DNA, intermediário e de baixa densidade, foram observados, exatamente como
previsto pelo modelo de replicação semiconservativa de WatsonCrick.
Existem, entretanto, muitas formas diferentes nas quais a replicação
semiconservativa pode ocorrer, com diferença principalmente na natureza do DNA
molde, ou seja, se ele é linear ou circular. As unidades de replicação são
chamadas de REPLICONS,
cada uma com uma origem de replicação. A replicação inicia na origem e continua
até o replicon inteiro ser replicado. Os cromossomos bacterianos têm uma única origem de replicação, enquanto os
cromossomos eucarióticos
têm várias origens.
Existem 3 tipos de replicações A replicação teta, a replicação por círculo
rolante e a replicação linear apresentam diferenças com relação ao início e
progresso da replicação, mas todas produzem novas moléculas de DNA por meio da
replicação semiconservativa.
REPLICAÇÃO TETA: Um tipo comum de replicação que
ocorre no DNA circular, ela gera uma estrutura que lembra a letra grega teta
(θ). Na replicação teta, o DNA de fita dupla
começa a se desenrolar na origem da replicação, produzindo fitas de
nucleotídios de fita única que servem como moldes nos quais o novo DNA pode ser
sintetizado. O desenrolamento da dupla-hélice gera uma alça, chamada bolha de
replicação. O desenrolamento pode ser em uma ou em ambas as extremidades da bolha,
tornando-a progressivamente maior. A replicação do DNA em ambas as fitas molde
é simultânea com o desenrolamento. O ponto de desenrolamento, onde as duas
fitas únicas de nucleotídios se separam da hélice de fita dupla do DNA, é
chamado de forquilha de replicação. Se existem duas forquilhas de replicação,
uma em cada extremidade da bolha de replicação, as forquilhas continuam para
fora nos dois sentidos em um processo chamado de replicação bidirecional,
simultaneamente abrindo e replicando o DNA até elas se encontrarem. Se houver
uma única forquilha de replicação, ela prossegue ao redor do círculo inteiro.
Tanto a replicação bidirecional quanto a unidirecional produzem duas moléculas
de DNA circulares completas, cada uma com uma fita antiga e uma fita nova de
nucleotídios.
REPLICAÇÃO POR CÍRCULO ROLANTE: Outro modo de replicação, chamado
replicação por círculo rolante Esse modo de replicação é iniciado por uma
ruptura em uma das fitas de nucleotídios que cria um grupo 3′-OH e um grupo
5′-fosfato. Novos nucleotídios são adicionados à extremidade 3′ da fita
rompida, com a fita interna (não rompida) servindo como molde. À medida que novos nucleotídios são
adicionados à extremidade 3′, a extremidade 5′ da fita rompida é
deslocada do molde, rolando como
um fio sendo retirado de um carretel. A extremidade 3′ cresce ao redor
do círculo, originando o nome de círculo rolante.
REPLICAÇÃO EUCARIÓTICA LINEAR: As moléculas de DNA circulares que
sofrem replicação teta ou por círculo rolante têm uma única origem de replicação.
Por causa do tamanho limitado dessas moléculas de DNA, a replicação que inicia
a partir da origem consegue atravessar o cromossomo inteiro em um tempo
razoável. Os cromossomos lineares maiores nas células eucarióticas, entretanto,
têm muito DNA para ser replicado rapidamente a partir de uma única origem. A
replicação eucariótica prossegue em uma taxa de 500 a 5.000 nucleotídios por
minuto em cada forquilha de replicação (consideravelmente mais lenta que a
replicação bacteriana). Mesmo a 5.000 nucleotídios por minuto em cada
forquilha, a síntese do DNA iniciando a partir de uma única origem levaria 7
dias para replicar um típico cromossomo humano com 100 milhões de pares de base
de DNA. A replicação dos cromossomos eucarióticos ocorre em questão de minutos
ou horas, e não dias. Essa velocidade é possível porque a replicação inicia em milhares de origens.
Os replicons eucarióticos típicos têm de 20.000 a 300.000 pares de base de
comprimento. Em cada origem de replicação, o DNA se desenrola e produz uma BOLHA de replicação.
A replicação ocorre em ambas as fitas em cada extremidade da bolha, com as duas
forquilhas de replicação se espalhando para fora. Por fim, as forquilhas de
replicação dos replicons adjacentes correm na direção uma da outra, e os replicons se unem para formar longos
trechos de DNA recém-sintetizado. A replicação e a fusão de todos os
replicons geram duas moléculas idênticas de DNA.
Mesmo
diferentes, em todos tres tipos o DNA É
REPLICADO PELA DESELICOIDIZAÇÃO DOS DOIS FILAMENTOS DA DUPLA HÉLICE E PELA
CONSTRUÇÃO DE NOVOS FILAMENTOS COMPLEMENTARES EM CADA UM DOS FILAMENTOS
SEPARADOS DA DUPLA HÉLICE ORIGINAL. Embora o processo de replicação inclua
muitos componentes, eles podem ser combinados em três grupos principais:
1.
Um
molde de DNA
de fita dupla.
2.
Matérias-primas (substratos) a serem montadas em
uma nova fita de nucleotídios.
3.
Enzimas e outras proteínas que
“leem” o molde e reúnem os substratos em uma molécula de DNA.
ORIGEM DE REPLICAÇÃO: Existem algumas sequências de DNA
possibilitam a replicação quando transferidas de um cromossomo para pequenos
pedaços circulares de DNA (plasmídios). Essas sequências de replicação autônoma (ARSs) possibilitam a replicação
de qualquer DNA ao qual estejam ligadas. Posteriormente, foi demonstrado que
elas são as origens da replicação nos cromossomos. A replicação é iniciada em uma origem de
replicação, onde uma proteína de iniciação se liga e faz com que um pequeno
segmento do DNA se desenrole. A enzima DNA HELICASE rompe as pontes de hidrogênio em
uma forquilha de replicação e as proteínas ligadoras de DNA de fita única
estabilizam as fitas separadas. A DNA GIRASE reduz
a tensão de torção que surge à medida que as duas fitas de DNA de dupla-hélice
se desenrolam. As origens da replicação de diferentes organismos eucarióticos
variam muito na sequência, embora elas tenham vários pares de base A-T devido
estes pares serem mantidos juntos apenas por DUAS PONTES DE HIDROGÊNIO,
enquanto os pares de bases GC são mantidos juntos por três. Assim, é mais fácil
separar (dissociar) a dupla hélice em trechos do DNA ricos em bases A e T. Um
complexo de multiproteínas, o complexo
de reconhecimento da origem (ORC),
liga-se às origens e desenrola o DNA nessa região. As células eucarióticas
utilizam milhares de origens, de modo que o genoma inteiro possa ser replicado
em tempo hábil. Entretanto, o uso de múltiplas origens cria um problema
especial no cronograma da replicação: o genoma inteiro precisa ser replicado
com precisão uma vez, e apenas uma vez, em cada ciclo celular de modo que
nenhum gene seja esquecido e nenhum gene seja replicado mais de uma vez. A
replicação precisa do DNA é possível ao separar a iniciação da replicação em
duas etapas diferentes.
1.
Na
primeira etapa, as origens são LICENCIADAS, aprovadas para replicação. Isso ocorre no início do
ciclo celular, quando um fator de licenciamento de replicação se prende a uma
origem.
2.
Na
segunda etapa, o maquinário da replicação inicia
o processo em cada origem licenciada.
A
chave é que o maquinário de replicação atue apenas nas origens licenciadas. À
medida que as forquilhas de replicação se afastam da origem, o fator de licenciamento é removido,
deixando a origem em um estado de não licenciada, em que a replicação não pode ser iniciada novamente até a renovação do
licenciamento. Para garantir que a replicação ocorra apenas uma vez por
ciclo celular, o fator de licenciamento
é ativado apenas depois de a célula ter completado a mitose e antes que a
replicação seja iniciada. Um fator de licenciamento eucariótico é um complexo
chamado MCM (para manutenção de minicromossomo), com uma DNA helicase que
desenrola um segmento curto de DNA na iniciação da replicação. O MCM deve se
ligar ao DNA para iniciar a replicação em uma origem. Após a replicação começar
em uma origem, uma proteína chamada Geminina evita que o MCM se ligue ao DNA e
reinicie a replicação naquela origem. No final da mitose, a Geminina é degradada, tornando possível que o MCM
se ligue mais uma vez ao DNA e autorize novamente a origem. O MCM também
funciona como DNA helicase durante o processo de replicação.
DESENROLAMENTO: Como a síntese do DNA requer um
molde de fita única e o DNA de fita dupla tiver de ser desenrolado antes que
ocorra a síntese de DNA, a célula depende de várias proteínas e enzimas para
fazer a desenrolamento. A DNA helicase rompe as pontes de hidrogênio entre as
bases de duas fitas de nucleotídios de uma molécula de DNA. A helicase não pode
iniciar o desenrolamento do DNA de fita dupla; a proteína de iniciação separa
primeiro as fitas de DNA na origem, fornecendo um curto segmento de DNA de fita
dupla onde essa enzima se liga. A helicase liga-se ao molde da fita tardia em
cada forquilha de replicação e move-se na direção 5′ →3′ ao longo dessa fita,
também movendo a forquilha. A dupla hélice de DNA é desenrolada na forquilha de
replicação, e os dois filamentos separados assim produzidos servem como moldes
para a polimerização de nucleotídios livres. A replicação do
DNA ocorre na forquilha de replicação, onde a dupla hélice está se desenrolando
e os dois filamentos estão se separando. A replicação do DNA ocorre
continuamente no sentido da forquilha de replicação em deselicoidização no
filamento de replicação contínua. O DNA é sintetizado em segmentos curtos,
afastando-se da forquilha de replicação, no filamento de replicação
descontínua. A DNA polimerase
demanda um primer, uma cadeia curta de nucleotídios, posicionado para
começar a síntese. Após o DNA ser desenrolado pela helicase, as PROTEÍNAS LIGADORAS DE DNA DE FITA ÚNICA (SSBS) prendem-se firmemente ao DNA de
fita única exposto. Essas proteínas protegem as cadeias de nucleotídios de fita
única e evitam a formação de estruturas secundárias como os grampos que
interferem na replicação. De forma diversa à de muitas proteínas ligadoras de
DNA, as SSBs são indiferentes à sequência de base: elas se ligam a qualquer DNA
de fita única. Essas proteínas formam tetrâmeros (grupos de quatro); cada
tetrâmero abrange de 35 a 65 nucleotídios. Outra proteína essencial para o
processo de desenrolamento é a enzima DNA girase, uma TOPOISOMERASE. As topoisomerases controlam o
superenrolamento do DNA. Existem dois tipos principais dessa enzima: as
topoisomerases tipo I alteram o superenrolamento ao fazer rupturas de fita
única no DNA, enquanto as topoisomerases tipo II criam rupturas de fita dupla.
A DNA girase é uma topoisomerase tipo II. Na replicação, ela reduz a tensão de torção (TORQUE) que surge à frente da
forquilha de replicação como resultado do desenrolamento. Ela reduz o torque ao
romper a fita dupla em um segmento da hélice de DNA, passando outro segmento da
hélice através da ruptura e, então, liberando as extremidades rompidas do DNA.
Essa ação, que requer ATP, remove uma deformação no DNA e REDUZ O SUPERENROLAMENTO.
POLIMERASE: Após o DNA ser desenrolado e um
primer ser adicionado, as DNA polimerases prolongam a fita nova de
polinucleotídios ao catalisar a polimerização do DNA. Algumas diferenças
expressivas nos processos de replicação bacteriana e eucariótica são o número e
as funções das DNA polimerases. Existem pelo menos cinco DNA polimerases
conhecidas. Duas delas, a DNA
polimerase I e a DNA polimerase III, sintetizam DNA na replicação; as outras
três têm funções especializadas no reparo do DNA. A DNA polimerase I, ou pol I tem
três atividades, que parecem estar localizadas em partes diferentes da
molécula:
1.
uma atividade de polimerase, que catalisa o crescimento da cadeia no sentido 5' para 3 ';
2.
uma atividade de exonuclease 3' para 5', que remove as bases incorretamente pareadas; e
3.
uma atividade de exonuclease 5' para 3', que degrada os filamentos simples de DNA ou RNA.
Embora
a pol I participe na replicação do DNA
outra DNA polimerase, hoje chamada de pol III, catalisa a síntese de DNA
na forquilha de replicação. A medida que a DNA pol III avança, a dupla
hélice é continuamente desenrolada na frente da enzima, para expor mais os
filamentos de DNA separados que atuarão como moldes. A DNA pol III atua na
forquilha de replicação, a zona onde a dupla hélice está se desenrolando. A DNA
polimerase III é um grande complexo de multiproteínas que atua como ferramenta
principal da replicação. As células eucarióticas têm várias DNA polimerases
diferentes que atuam na replicação, na recombinação e no reparo de DNA. Três
DNA polimerases fazem a maior parte da síntese do DNA durante a replicação: DNA
polimerase α, DNA polimerase δ e DNA polimerase ε. A DNA polimerase α tem atividade primase e inicia a síntese de DNA nuclear
ao sintetizar um primer de RNA, seguida por uma sequência curta de nucleotídios
de DNA. Após a DNA polimerase α ter se estabelecido entre 30 e 40 nucleotídios,
a DNA polimerase
δ completa a replicação na fita tardia. Semelhante em estrutura e função à
DNA polimerase δ, a
DNA polimerase ε replica a fita líder. Outras DNA polimerases participam
da replicação e recombinação ou catalisam a replicação do DNA de organela.
Algumas DNA polimerases, como a DNA polimerase δ e a DNA polimerase ε, são
capazes de replicar o DNA em alta velocidade e com grande fidelidade (poucos
erros) porque têm sítios ativos que acomodam de modo justo e exclusivo os
quatro normais do DNA, os monofosfatos de adenosina, guanosina, citidina e
timidina. Como resultado dessa especificidade, moldes destorcidos de DNA e
bases anormais não são acomodados com facilidade dentro do sítio ativo da
enzima. Quando esses erros são encontrados no molde de DNA, as DNA polimerases
de alta fidelidade param e não conseguem contornar a lesão. Outras DNA
polimerases têm menor fidelidade, mas são capazes de contornar as distorções no
molde de DNA. Essas DNA polimerases translesão especializadas têm um sítio
ativo mais aberto e são capazes de acomodar e copiar moldes com bases anormais,
estruturas distorcidas e lesões volumosas. Assim, essas enzimas especializadas
podem contornar tais erros, mas como seus sítios ativos são mais abertos e
acomodados, elas tendem a produzir mais erros. Na replicação, as enzimas de
alta velocidade e alta fidelidade são usadas até encontrarem um bloqueio da
replicação. Nesse ponto, uma ou mais polimerases translesão assumem, contornam
a lesão e continuam replicando uma seção curta de DNA, Então, as polimerases
translesão se separam da forquilha de replicação e as enzimas de alta
fidelidade encerram a replicação com alta velocidade e exatidão. As enzimas de
reparo de DNA reparam os erros produzidos pelas polimerases translesão, embora
alguns desses erros possam escapar da detecção e levem a mutações.
REPLICAÇÃO CONTÍNUA E
DESCONTÍNUA: Na
síntese do DNA, novos nucleotídios são unidos, um de cada vez, à extremidade 3′
da fita recém-sintetizada. As DNA polimerases, enzimas que sintetizam DNA,
podem adicionar nucleotídios apenas na extremidade 3′ da fita crescente (não na
extremidade 5′), e então novas fitas de DNA sempre alongam no mesmo sentido 5′
para 3′ (5′ → 3′). Como os dois moldes de DNA de fita única são antiparalelos e
o prolongamento de fita é sempre 5′ → 3′, se a síntese em um molde segue, por
exemplo, da direita para a esquerda, então a síntese do outro molde deve seguir
no sentido oposto, da esquerda para a direita. À medida que o DNA se desenrola
durante a replicação, a NATUREZA
ANTIPARALELA das duas fitas de DNA significa que um molde é exposto no
sentido 5′ → 3′ e o outro é exposto no sentido 3′ → 5′. À medida que o DNA se desenrola, a fita molde
exposta possibilita a síntese contínua da nova fita. Essa nova fita, que sofre REPLICAÇÃO CONTÍNUA, É DENOMINADA
FITA LÍDER. Como
apenas uma extensão curta de DNA precisa estar não enrolada antes de a síntese
na sua fita começar, o maquinário de replicação logo fica sem molde. Nesse
momento, mais DNA está desenrolando, fornecendo um novo molde na extremidade 5′
da nova fita. A síntese de DNA deve iniciar novamente na forquilha de replicação
e seguir na direção oposta do movimento da forquilha até chegar ao segmento
previamente replicado de DNA. Esse processo é repetido várias vezes, então a
síntese dessa fita ocorre em explosões curtas, descontínuas. A fita
recém-criada que SOFRE
REPLICAÇÃO DESCONTÍNUA É CHAMADA DE FITA TARDIA.
As extensões curtas de
DNA produzidas pela replicação descontínua da fita tardia são chamadas de FRAGMENTOS DE OKAZAKI,
descobertos por Reiji Okazaki. Nas células bacterianas, cada fragmento de
Okazaki varia de 1.000 a 2.000 nucleotídios de extensão; nas células
eucarióticas, varia de 100 a 200 nucleotídios. Esses fragmentos na fita tardia
estão ligados para criar uma molécula de DNA contínua. Os vários eventos que
têm de ocorrer com acurácia e rapidez na forquilha de replicação são efetuados
pelo maquinário biológico denominado REPLISSOMO, um complexo proteico que inclui
duas unidades de DNA polimerase: uma para agir no filamento contínuo e outra
para agir no filamento descontínuo. Desse modo, a síntese demora mais tempo e a
união dos fragmentos de Okazaki em um filamento contínuo pode ser
temporariamente coordenada com a síntese menos complicada do filamento
contínuo.
ALONGAMENTO: Na fase de alongamento da
replicação, o DNA de fita única é usado como um molde para a síntese de DNA.
Esse processo requer várias enzimas. Todas as DNA polimerases precisam de um
nucleotídio com um grupo 3′-OH ao qual um novo nucleotídio pode ser adicionado.
Por causa dessa exigência, as DNA polimerases não podem iniciar a síntese de
DNA em um molde vazio; elas precisam de um primer – um grupo 3′-OH – para
iniciar. Uma enzima chamada PRIMASE sintetiza
segmentos curtos (cerca de 10 a 12 nucleotídios) de nucleotídios de RNA, ou
primers, que fornecem um grupo 3′-OH ao qual a DNA polimerase pode prender os
nucleotídios de DNA. (Como a primase é uma RNA polimerase, ela não requer um
grupo 3′-OH existente para iniciar a síntese de uma fita de nucleotídios.)
Todas as moléculas de DNA inicialmente têm primers de RNA curtos incrustados
dentro delas; esses primers são removidos e substituídos por nucleotídios de
DNA. Na fita líder, onde a síntese de DNA é contínua, um primer é necessário
apenas na extremidade 5′ da fita recém-sintetizada. Na fita tardia, onde a
replicação é descontínua, um
novo primer deve ser gerado no início de cada fragmento de Okazaki.
A primase forma um complexo com a helicase na forquilha de replicação e se
desloca ao longo do molde da fita tardia. É provável que o primer único na fita
líder seja sintetizado pelo complexo primase-helicase no molde da fita tardia
na outra forquilha de replicação, na extremidade oposta da bolha de replicação.
Após a DNA polimerase III se ligar ao nucleotídio do
grupo 3′-OH no último nucleotídio do primer de RNA, cada novo nucleotídio de
DNA fornece o grupo 3′-OH necessário para que o próximo nucleotídio seja
adicionado. Esse processo continua enquanto o molde estiver disponível. A DNA polimerase I segue a
DNA polimerase III e, ao usar sua atividade exonuclease 5′ → 3′, ela remove o primer de RNA.
Ela então usa a atividade polimerase 5′ → 3′ para substituir os nucleotídios de
RNA por nucleotídios de DNA. A DNA polimerase I se fixa ao primeiro nucleotídio
do grupo OH na extremidade 3′ do fragmento de Okazaki anterior e então continua
no sentido 5′ → 3′ ao longo da fita de nucleotídios e substituindo, um por vez,
os nucleotídios de DNA do primer. Após a polimerase I ter substituído o último
nucleotídio do primer de RNA por um nucleotídio DNA, permanece uma ruptura na
estrutura açúcar-fosfato da nova fita de DNA. O grupo 3′-OH do último
nucleotídio a ser adicionado pela DNA polimerase I não está preso ao grupo
5′-fosfato do primeiro nucleotídio adicionado pela DNA polimerase III. Essa ruptura é
fechada pela enzima DNA ligase,
que catalisa a
formação de uma ligação fosfodiéster sem adicionar outro nucleotídio à fita.
Como a síntese de ambas as fitas ocorre simultaneamente, tem de haver duas
unidades da DNA polimerase III na forquilha de replicação, uma para cada fita.
Em um modelo do processo de replicação, as duas unidades de DNA polimerase III
estão conectadas, o molde da fita tardia se fecha ao redor de modo que fica na
posição para replicação 5′ → 3′. Dessa maneira, o complexo da DNA polimerase
III é capaz de fazer a replicação 5′ → 3′ simultaneamente em ambos os moldes, mesmo que eles
estejam em direções opostas. Após cerca de 1.000 pb de DNA novo terem sido sintetizados,
a DNA polimerase III libera o molde da fita tardia e uma nova alça se forma. A
primase sintetiza um novo primer na fita tardia, e a DNA polimerase III, então,
sintetiza um novo fragmento de Okazaki.
TÉRMINO: Em algumas moléculas de DNA, a replicação
é terminada sempre que duas forquilhas
de replicação se encontram. Em outras, as sequências de término
específicas (chamadas sítios Ter) bloqueiam a replicação. Uma proteína de
término, chamada Tus na E. coli, liga-se a essas sequências, criando um
complexo Tus-Ter que bloqueia o movimento da helicase, paralisando a forquilha
de replicação e evitando a replicação de DNA. Cada complexo Tus-Ter bloqueia a
forquilha de replicação de se deslocar em um sentido, mas não para o outro. O
DNA eucariótico é complexado a proteínas histonas em estruturas chamadas
nucleossomos, que contribuem para a estabilidade e o empacotamento da molécula
de DNA. Na replicação, a estrutura da cromatina é rompida pela forquilha de
replicação, mas os nucleossomos são rapidamente
remontados em duas novas moléculas de DNA. Antes da replicação, uma
molécula de DNA única está associada a proteínas histonas. Após a replicação e
a montagem do nucleossomo, duas moléculas de DNA estão associadas às
histonas. A remontagem dos nucleossomos
durante a replicação é facilitada por proteínas denominadas chaperonas de histona, associadas à enzima helicase que
desenrola o DNA. As chaperonas de histonas aceitam as histonas antigas oriundas
da molécula de DNA original e as depositam, junto com as histonas
recém-sintetizadas, nas duas novas moléculas de DNA. A montagem de novos
nucleossomos é facilitada por uma proteína chamada fator 1 de montagem de cromatina (CAF-1).
TELÔMEROS E
TELOMERASE: Nos
cromossomos lineares com múltiplas origens, o alongamento do DNA nos replicons
adjacentes também fornece um grupo 3′-OH anterior a cada primer. Na extremidade
de um cromossomo linear, entretanto, não existe trecho adjacente do DNA
replicado para fornecer esse grupo 3′-OH importante. Quando o primer na extremidade do cromossomo for
removido, ele não pode ser substituído pelos nucleotídios do DNA, criando uma
lacuna na extremidade do cromossomo, sugerindo que o cromossomo deve ficar
progressivamente menor em cada ciclo de replicação. O encurtamento do
cromossomo significaria que, quando um organismo se reproduz, ele transmitiria
os cromossomos mais curtos do que os que herdou. Os cromossomos ficariam mais
curtos a cada nova geração e, consequentemente, perderiam a estabilidade. Essa
questão é chamada de PROBLEMA DA REPLICAÇÃO DA EXTREMIDADE. Na verdade, o encurtamento do cromossomo ocorre em
algumas células somáticas, mas nos organismos unicelulares, células
germinativas e células embrionárias iniciais eles não são encurtados nem se
autodestroem. O encurtamento dos telômeros contribui para o processo de envelhecimento. telômeros de camundongos modificados pela
engenharia genética sem um gene da telomerase funcional Após várias gerações,
esses camundongos apresentam alguns sinais de envelhecimento prematuro, Em 2012, cientistas do Reino
Unido mediram o comprimento do telômero nas hemácias retiradas de 99 mandarins
em vários períodos durante suas vidas. Os cientistas encontraram uma forte correlação entre o comprimento
do telômero e a longevidade. As extremidades dos cromossomos – os
telômeros – têm diversas características singulares, uma das quais é a
variedade de cópias de uma sequência curta repetida. No protozoário Tetrahymena
em que essas sequências repetidas foram descobertas pela primeira vez essa
repetição telomérica é TTGGGG. A
extremidade protrusa de fita única que se sobressai do telômero,
conhecida como extremidade 3′ protuberante rica em G (overhang G), pode ser estendida pela telomerase,. A
parte RNA da enzima tem de 15 a 22 nucleotídios que são complementares à
sequência rica em G. Essa sequência pareia com a extremidade 3′ que sobressai
do DNA e fornece um molde para a síntese de cópias adicionais de DNA das repetições.
Os nucleotídios de DNA são adicionados à extremidade 3′ da fita um por vez e, após vários nucleotídios serem
adicionados, o molde de RNA desloca o DNA e mais nucleotídios são adicionados à
extremidade 3′ . Em geral, são adicionados de 14 a 16 nucleotídios na
extremidade 3′ da fita rica em G. Dessa forma, a TELOMERASE PODE
EXPANDIR A EXTREMIDADE 3′ DO CROMOSSOMO SEM O USO DE UM MOLDE COMPLEMENTAR DE
DNA. A
telomerase é encontrada em organismos unicelulares, células germinativas,
células embrionárias iniciais e algumas células somáticas proliferativas (como
as da medula óssea e as que revestem o intestino); todas têm obrigatoriamente
divisão celular contínua. A maioria das células somáticas tem pouca ou nenhuma
atividade de telomerase, e seus cromossomos são progressivamente encurtados em cada divisão
celular. Essas células podem sofrer um número limitado de divisões; quando os
telômeros são encurtados além de um ponto crítico, o cromossomo torna-se
instável, com tendência a sofrer rearranjos, e é degradado. Esses eventos levam
à morte celular.
FIDELIDADE DA
REPLICAÇÃO DO DNA: Em
geral, a taxa de erro na replicação é menor que um erro por bilhão de nucleotídios. As DNA polimerases
são muito peculiares no pareamento dos nucleotídios com seus complementos na
fita molde. Surgem erros na seleção de nucleotídios pela DNA polimerase em uma
proporção de apenas uma vez a cada 100.000 nucleotídios. A maioria dos erros
que surgem na seleção dos nucleotídios é corrigida em um segundo processo,
chamado revisão. Quando uma DNA polimerase insere um
nucleotídio incorreto na fita crescente, o grupo 3′-OH do nucleotídio mal
pareado não está corretamente posicionado no sítio ativo da DNA polimerase para
aceitar o próximo nucleotídio. O posicionamento incorreto atrasa a reação de
polimerização e a atividade exonuclease
3′ → 5′ da DNA polimerase remove o nucleotídio
incorretamente pareado. A DNA polimerase, então, insere o nucleotídio correto.
Juntos, a revisão e a seleção de nucleotídios resultam em uma taxa de erro de
apenas um em 10 milhões de nucleotídios. Um terceiro processo, chamado de reparo de pareamento errado de DNA, corrige os erros após o término da replicação.
Qualquer nucleotídio incorretamente pareado que permanece após a replicação
produz uma deformação na estrutura secundária do DNA; a deformidade é
identificada por enzimas que removem o nucleotídio incorreto e usam a fita
original. O reparo do pareamento errado requer a capacidade de distinguir entre
as fitas antiga e nova de DNA, porque as enzimas precisam de uma maneira para
determinar qual das duas bases incorretamente pareadas deve ser removida. Na E.
coli, grupos metila
(–CH3) são adicionados
às sequências específicas de nucleotídios, mas apenas depois da replicação.
Assim, imediatamente após a síntese do DNA, apenas a fita de DNA antiga é metilada.
A
recombinação homóloga
ocorre por meio de rupturas nas fitas de nucleotídios, alinhamento de segmentos
homólogos de DNA e reunião das fitas. Várias enzimas e proteínas são
necessárias para a recombinação homóloga A conversão gênica é a troca genética não recíproca e
produz razões anormais de gametas. Éimportante lembrar que nemtoda alteração
noDNAocorrida na replicação resulta efetivamente em erro, porque algumas delas
são variações genéticas
geradas que se tornamimportantes para a sobrevivência da espécie.
ORIGEM DA
VARIABILIDADE GENÉTICA:
A origem da variabilidade genética é as mutações e corresponde a mudanças
herdáveis que servem como matéria-prima aos processos de melhoramento genético
e evolução. Como as mutações são herdáveis, elas devem ocorrer na sequência de nucleotídeos do gene,
provocando alterações do mesmo e, consequentemente, produzindo novas formas alternativas, os alelos.
Existem várias causas que podem provocar uma mutação gênica, mas que apresentam
sempre uma característica em comum: todas elas afetam a sequência de bases
nitrogenadas do DNA. Essa alteração gera um novo alelo e pode modificar a
cadeia polipeptídica a ser sintetizada, dando origem na maioria das vezes, a um novo fenótipo. As
causas que podem provocar alterações nas sequências de bases do DNA são:
•
Substituição de bases - Podem ocorrer vários tipos de trocas, as quais recebem
denominações especiais: transição e transversão. A troca de bases ocorre porque
existem formas TAUTOMÉRICAS, isto é, formas alternativas das
bases nitrogenadas e que, frequentemente, apresentam pareamento irregular
durante a replicação do DNA. Por exemplo, adenina no seu estado normal amino
forma pontes de hidrogênio com a timina, mas na forma tautomérica imino pode se
parear coma citosina. As formas tautoméricas raramente estão presentes nas
células, mas podemse tornar comuns, graças à ação de agentes mutagênicos naturais ou
artificiais. A substituição de bases causa alteração em um único códon no DNA. O códon mutante
pode ou não provocar mudança de um aminoácido ao longo da cadeia polipeptídica.
Quando a substituição de uma base no DNA acarreta alteração em um aminoácido na
cadeia polipeptídica, temos uma mutaçãode sentido errado. Em geral, essa mutação resulta na
produção de uma proteína compropriedades diferentes, ocasionando a formação de
umnovo fenótipo. Mas se a substituição de bases no DNA não altera a sequência
de aminoácidosna cadeia polipeptídica tem-se Mutação silenciosa. Já a mutação sem sentido ocorre quando de uma
troca de bases no DNA surge um dos códons de terminação no mRNA, impedindo a síntese completa da
cadeia polipeptídica.
•
Adição ou deleção de bases - A retirada
ou a inclusão de uma única base provoca alterações na sequência de DNA a
partir do ponto em que ocorreu a deleção ou adição. Isso também pode acontecer
quando bases forem processadas erradamente durante a replicação do
DNA. A adição de apenas uma base pode modificar completamente a sequência de aminoácidos
na cadeia polipeptídica sintetizada, a partir do ponto emque ocorre a
adição/deleção da base nitrogenada no DNA. A mutação do tipo adição ou deleção é bem mais drástica do
que a substituição de bases. De fato, esse tipo de mutação pode ser letal se a proteína original
for essencial para a sobrevivência do indivíduo, não sendo assim passada aos
descendentes. Quando o alelo mutante não é letal, geralmente forma alelo não funcional que é denominado de
recessivo.
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