MUTAÇÃO
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– MUTAÇÃO
Mutação
é uma mudança na sequência de DNA de um gene. A
mutação é especialmente significativa porque é fonte
primária da mudança evolutiva; novos alelos
surgem em todos os organismos, alguns espontaneamente e outros
resultantes de exposição à radiação ou substâncias químicas
no ambiente.
Nos organismos
multicelulares, podemos diferenciar entre duas grandes categorias de mutações: mutações somáticas e mutações
germinativas. As mutações somáticas surgem nos tecidos somáticos,
que não produzem gametas. Mutações germinativas surgem em células que
dão origem aos gametas.
Historicamente, as
mutações foram divididas entre as que afetam
um único gene, chamadas de mutações
gênicas, e as que afetam o
número ou a estrutura dos cromossomos, chamadas de mutações cromossômicas.
Essa distinção surgiu porque as mutações cromossômicas poderiam ser observadas
diretamente ao microscópio, enquanto as mutações gênicas só poderiam ser detectadas
pela observação de seus efeitos fenotípicos. Contudo, é prático usar mutação
cromossômica para descrever a alteração genética de grande escala que afeta
a estrutura do cromossomo ou o número de cromossomos e usar mutação gênica para
uma lesão de DNA relativamente pequena que afeta um único gene.
Existem várias
formas para classificar as mutações gênicas. Alguns esquemas de classificação baseiam-se
na natureza do efeito fenotípico, outros se baseiam no agente causador da
mutação e outros ainda se voltam para a natureza molecular do defeito.
O tipo mais
simples de mutação gênica é uma substituição de base, a alteração de um
único nucleotídeo no DNA. Existem dois tipos de substituições de base. Em uma transição,
uma purina é substituída por uma purina diferente ou uma pirimidina é
substituída por uma pirimidina diferente. Em uma transversão, uma purina
é substituída por uma pirimidina ou uma pirimidina é substituída por uma
purina. O número de possíveis transversões é duas vezes o número de possíveis
transições, mas as transições surgem com maior frequência porque transformar
uma purina em uma purina diferente ou uma pirimidina em uma pirimidina
diferente é mais fácil do que transformar uma purina em uma pirimidina ou
vice-versa.
Para
substituições de uma única base, existem vários
desfechos possíveis, mas todos são
consequências
diretas de dois aspectos do código genético: redundância do código e
existência de códons de término de tradução.
• Mutações sinônimas. A mutação muda um códon
de um aminoácido por outro códon desse mesmo aminoácido. As mutações
sinônimas também são chamadas de mutações silenciosas.
• Mutações de sentido trocado. O códon
para um aminoácido é trocado por um códon para
outro aminoácido. As mutações de sentido trocado
às vezes são chamadas de mutações não sinônimas.
• Mutações sem sentido. O códon para um
aminoácido é mudado para um códon de término de tradução (fim).
As
substituições sinônimas nunca alteram a sequência de aminoácidos da cadeia
polipeptídica. A intensidade do efeito das
mutações de sentido trocado e sem sentido no polipeptídio difere de um caso
para outro. Por exemplo, uma mutação de sentido
trocado pode substituir um aminoácido por outro aminoácido
quimicamente similar, sendo chamada de substituição conservativa. Nesse caso, é menos
provável que a alteração afete significativamente a estrutura
e a função da proteína. Como alternativa, um aminoácido pode ser substituído
por um aminoácido quimicamente diferente em uma substituição
não conservativa.
Outra
classe de mutações gênicas inclui as inserções e deleções (coletivamente
chamadas indels) – a adição ou a remoção, respectivamente, de um ou mais
pares de nucleotídeos. Embora as substituições de base sejam consideradas o
tipo mais comum de mutação, a análise molecular revelou que as inserções e
deleções são mais frequentes. As inserções e deleções nas sequências
codificadoras de proteínas podem levar a mutações no quadro de leitura (frameshift),
mudanças de troca de quadro do gene. As mutações no quadro de leitura em geral
alteram todos os aminoácidos codificados pelos nucleotídeos após a mutação e,
então, elas têm efeitos drásticos no fenótipo. Algumas mutações de troca de
quadro também introduzem códons de parada prematuros, interrompendo
prematuramente a síntese de proteína e resultando em proteína encurtada
(truncada). Nem todas as inserções e deleções levam a mutações de troca de quadro,
entretanto; as inserções e deleções compostas por múltiplos de três nucleotídeos
deixam o quadro de leitura intacto, embora a adição ou remoção de um ou mais
aminoácidos ainda possa afetar o fenótipo. Indels que não afetam o
quadro de leitura são chamados de inserções no quadro de leitura e deleções
no quadro de leitura.
As
mutações nas quais o número de cópias de um conjunto de nucleotídeos aumenta
são chamadas de repetições expandidas de nucleotídeos. As repetições
expandidas de nucleotídeos são regiões do DNA compostas de cópias repetidas de
conjuntos de nucleotídeos. Os números maiores de repetições de nucleotídeos
estão associados a várias doenças genéticas humanas. A maioria dessas doenças é
causada pela expansão de um conjunto de três nucleotídeos (chamado de trinucleotídio),
em sua maioria CNG, onde N pode ser qualquer nucleotídeo.
Outra
forma usada para classificar as mutações são seus efeitos fenotípicos. No nível
geral, podemos diferenciar uma mutação com base no seu fenótipo comparado com o
fenótipo do tipo selvagem. Uma mutação que altera o fenótipo do tipo selvagem é
chamada de mutação direta, enquanto uma mutação reversa (uma reversão)
muda um genótipo mutante de volta para o tipo selvagem.
Os geneticistas
usam outros termos para descrever os efeitos das mutações na estrutura da
proteína. Uma substituição de base que resulta em um diferente aminoácido na
proteína é chamada de mutação missense). Uma mutação nonsense
muda um códon com sentido (que especifica um aminoácido) em um códon
sem sentido (que termina a tradução). Se ocorrer uma mutação nonsense precoce
na sequência de mRNA, a proteína será truncada e, em geral, não funcional. Por
causa da redundância do código genético, alguns códons diferentes especificam o
mesmo aminoácido. Uma mutação silenciosa muda um códon para um códon
sinônimo que especifica o mesmo aminoácido alterando a sequência de DNA sem
mudar a sequência de aminoácidos da proteína.
Uma
mutação neutra é uma mutação missense que altera a sequência de
aminoácidos da proteína, mas não muda sua função de forma significativa.
Mutações neutras ocorrem quando um aminoácido é substituído por outro que é
quimicamente semelhante ou quando o aminoácido afetado tem pouca influência na
função da proteína. As mutações de perda de função provocam perda
completa ou parcial da função normal. Uma mutação de perda de função modifica a
estrutura da proteína de modo que ela não funciona mais corretamente – ou a
mutação pode ocorrer em regiões regulatórias que afetam a transcrição, a
tradução ou a recomposição da proteína. Essas mutações são frequentemente recessivas:
um organismo diploide tem de ser homozigoto para uma mutação de perda de função
antes que os efeitos da perda da proteína funcional possam ser exibidos.
Por outro lado,
uma mutação de ganho de função faz com que a célula produza uma proteína
ou produto de gene cuja função não existe normalmente. Esse caso pode ser um
produto totalmente novo do gene ou um produzido em um tecido inadequado ou em
um momento inadequado do desenvolvimento. Ainda, outros tipos de mutações são mutações
condicionais, expressas apenas em algumas circunstâncias. Por exemplo,
algumas mutações condicionais afetam o fenótipo apenas em temperaturas
elevadas. Outras são mutações letais, que provocam a morte prematura.
Uma mutação
supressora cancela o efeito de uma mutação anterior em um sítio diferente. Uma
mutação supressora intragênica ocorre no mesmo gene que tem a mutação
original; uma mutação supressora intergênica ocorre em um gene diferente.
*INTERESSANTE
ESTUDAR O QUADRO RESUMIDO (PIERCE)!!
Mutação
adaptativa: a variação genética é crítica para a mudança evolutiva que produz
adaptação a novos ambientes. Novas variantes genéticas surgem principalmente
por meio da mutação. Por muitos anos, acreditava-se que a variação genética
surgisse de forma aleatória e em taxas que eram independentes da necessidade de
adaptação. Entretanto, evidências sugerem que ambientes estressantes – nos
quais a adaptação pode ser necessária para sobreviver – podem induzir mais
mutações nas bactérias, um processo chamado de mutação adaptativa. A
ideia de mutação adaptativa já foi muito discutida; os críticos questionam que
a maioria das mutações seria prejudicial e então uma maior mutagênese seria
danosa para a maioria dos casos.
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As
mutações resultam tanto de fatores internos quanto externos. As que surgem sob
condições normais são chamadas de mutações espontâneas, enquanto as que
surgem a partir de mudanças causadas por substâncias químicas ou radiação do ambiente
são chamadas de mutações induzidas. Os erros espontâneos de replicação
surgem a partir de estruturas com base alterada e pareamento de base em
oscilação. Podem ocorrer pequenas inserções e deleções por meio do deslizamento
da fita na replicação e do crossing over desigual.
Além
das mutações espontâneas que surgem na replicação, as mutações também são
resultado de mudanças químicas espontâneas no DNA. Uma dessas mudanças é a depurinação,
a perda de uma base purina de um nucleotídeo. Outra mudança química de
ocorrência espontânea no DNA é a desaminação, a perda de um grupo amino
(NH2) de uma base. A desaminação pode ser espontânea ou induzida por
substâncias químicas mutagênicas.
Mutações
quimicamente induzidas:
Embora
muitas mutações surjam espontaneamente, vários agentes ambientais são capazes
de danificar o DNA, incluindo algumas substâncias químicas e radiação. Qualquer
agente ambiental que aumenta de forma significativa a taxa de mutação acima da
taxa espontânea é chamado de mutágeno. As substâncias químicas podem
produzir mutações por meio de vários mecanismos. Os análogos de base são
incorporados ao DNA e frequentemente pareiam com a base errada. Os agentes
alquilantes, substâncias químicas desaminadoras, hidroxilamina e espécies
reativas de oxigênio mudam a estrutura das bases de DNA, alterando suas
propriedades de pareamento. Os agentes intercalantes se instalam entre as bases
e provocam inserções e deleções de base única na replicação.
A radiação
ionizante como os raios X e os raios gama danifica o DNA ao expulsar os
elétrons dos átomos; esses elétrons, então, rompem as ligações fosfodiéster e
alteram a estrutura das bases. A luz ultravioleta provoca mutações
principalmente ao produzir dímeros de pirimidina que interrompem a replicação e
a transcrição. O sistema SOS torna possível que as bactérias superem os
bloqueios de replicação, mas introduz erros na replicação.
Os
elementos de transposição – sequências que podem se deslocar no genoma –
também podem ser responsáveis pelas mutações. Esses elementos móveis de DNA têm
vários nomes, incluindo transposons, elementos genéticos de transposição, genes
móveis, elementos controladores e genes jumping.
Além
das mutações genicas tem as cromossômicas. Tipos de mutações cromossômicas:
As mutações
cromossômicas podem ser agrupadas em três categorias básicas: rearranjos cromossômicos, aneuploides e poliploides.
Rearranjos
cromossômicos são
mutações que alteram as estruturas dos cromossomos. Os quatro tipos básicos de
rearranjos são duplicações, deleções, inversões e translocações.
1.
Uma
duplicação cromossômica é uma mutação na qual parte do cromossomo é
duplicada. As duplicações têm surgido frequentemente ao longo da evolução de
muitos organismos eucariotos. As duplicações cromossômicas fornecem uma forma
na qual novos genes evoluem. Em muitos casos, as cópias existentes de um gene
não estão livres para variar, porque elas codificam um produto que é essencial
para o desenvolvimento ou função. Entretanto, após um cromossomo sofrer
duplicação, existem cópias extras do gene na região duplicada. A cópia original
pode fornecer a função essencial, enquanto uma cópia extra a partir da
duplicação está livre para sofrer mutações e alterações.
2.
Um
segundo tipo de rearranjo cromossômico é a deleção cromossômica: a perda
de um segmento de cromossomo. Uma deleção cromossômica é uma mutação na qual
uma parte de um cromossomo é perdida. Nos indivíduos heterozigotos para uma
deleção, o cromossomo normal forma uma alça durante o pareamento na prófase I da
meiose. As deleções fazem com que os genes recessivos no cromossomo homólogo
sejam expressos e podem causar desequilíbrios nos produtos do gene.
3.
Um
terceiro tipo de rearranjo cromossômico é uma inversão cromossômica, na
qual um segmento do cromossomo é invertido – gira 180°. As inversões que não
incluem o centrômero, são chamadas de inversões paracêntricas, enquanto
as inversões que incluem o centrômero são chamadas inversões pericêntricas.
Os organismos individuais com inversões não perdem nem ganham nenhum material
genético; apenas a sequência de DNA foi alterada. Contudo, essas mutações têm
profundos efeitos no fenótipo.
4.
Uma
translocação ocasiona o movimento do material genético entre cromossomos
não homólogos ou dentro do mesmo cromossomo. A translocação não deve ser
confundida com crossing over, em que ocorre troca de material genético entre
cromossomos homólogos. Em uma translocação não recíproca, o
material genético se desloca de um cromossomo para outro sem nenhuma troca recíproca.
Mais comumente, existe uma troca de duas vias dos segmentos entre os
cromossomos, resultando em uma translocação recíproca. Nas
translocações, partes dos cromossomos se deslocam para outros cromossomos não
homólogos ou para outras regiões do mesmo cromossomo. As translocações podem afetar
o fenótipo ao fazer com que os genes se desloquem para novos locais, onde
sofrem a influência de novas sequências reguladoras, ou ao quebrar os genes e
prejudicar sua função.
Além
dos rearranjos cromossômicos, as mutações cromossômicas incluem alterações do
número de cromossomos. As variações do número de cromossomos podem ser classificadas
em dois tipos básicos: aneuploidia, que é uma alteração no número de cromossomos,
e poliploidia, uma alteração do número de conjuntos de cromossomos.
Aneuploidia
:Mudança no número de cromossomos individuais; SE CLASSIFICA:
1.
Nulissomia:
Perda de ambos os membros de um par homólogo;
2.
Monossomia:
Perda de um membro de um par homólogo;
3.
Trissomia:
Ganho de um cromossomo, resultando em três cromossomos homólogos;
4.
Tetrassomia:Ganho
de dois cromossomos homólogos, resultando em quatro cromossomos homólogos;
EXISTEM dois
principais tipos de poliploidia: autopoliploidia, na qual todos os
conjuntos de cromossomos são de uma única espécie, e alopoliploidia, na
qual os conjuntos de cromossomos são oriundos de duas ou mais espécies. A
autopoliploidia é provocada por acidentes da mitose ou meiose que produzem
conjuntos extras de cromossomos, todos derivados de uma única espécie. A
alopoliploidia surge a partir da hibridização entre duas espécies; o poliploide
resultante carreia conjuntos de cromossomos derivados de duas ou mais espécies.
*IMPORTANTE: DAR
UMA OLHADA NO QUADRO 8.3 PIERCE....RESUME MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS.
CONTRIBUIÇÃO PARA VARIAÇÃO E/OU VARIABILIDADE
GENÉTICA:
Dois
processos importantes são responsáveis pela variação genética: mutação e recombinação.
Vimos que a mutação é uma
mudança na sequência de DNA de um gene. A
mutação é especialmente significativa porque é fonte
primária da mudança evolutiva; novos alelos
surgem em todos os organismos, alguns espontaneamente e outros
resultantes de exposição à radiação ou substâncias químicas
no ambiente. Os novos alelos produzidos por mutação tornam-se a matéria-prima
para um segundo nível de variação, efetuado por recombinação. Por um lado, a
mutação é a fonte de todas as variações genéticas, a matéria-prima da evolução.
A capacidade dos organismos em se adaptar à mudança ambiental depende da
variação genética nas populações naturais, e a variação genética é produzida
pela mutação. Por outro lado, muitas mutações têm efeitos prejudiciais e são a
causa de muitas doenças e distúrbios. As mutações também são úteis para
examinar processos biológicos fundamentais. Encontrar ou criar mutações que
afetam diferentes componentes de um sistema biológico e estudar seus efeitos
pode levar à compreensão do sistema.
RAMALHO: a mutação gênica é a
fonte original de variação genética e tem como resultado a formação de novos
alelos na população. Além de ser um fenômeno raro, é também casual, e, por esta
razão, ela não ocorre no sentido de fornecer ao organismo uma maior adaptação.
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